Opinião

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Imprensa x Dunga - duelo de titãs
Vitor Orlando Gagliardo - jornalista

govitor@yahoo.com.br

Nesses últimos dias, estamos presenciando a criação de um confronto entre o técnico da seleção brasileira, Dunga, e a imprensa. Para início de conversa, trata-se de um embate sem inocentes. Todos são culpados. Explico: a mídia tem uma função social que é a de levar a informação verdadeira à sociedade. Como em nossa cultura, Copa do Mundo é mais importante do que eleição presidencial, é mais do que natural que os veículos de comunicação invistam neste segmento.
Neste ponto, começaram os problemas. O nome de Dunga jamais foi uma unanimidade na seleção desde a sua contratação. Afinal, quem iria confiar para comandar a seleção uma pessoa que jamais teve experiência como técnico? Nesse sentido, ocorreu o primeiro atrito: a imprensa não confiou e o treinador se sentiu rejeitado. Com ou sem experiência, jogando bem ou mal, Dunga se manteve no comando da seleção obtendo bons resultados: primeiro lugar nas Eliminatórias da Copa, uma Copa América (2007) e uma Copa das Confederações (2009). Mesmo assim, em cada coletiva ouvia perguntas indevidas e respondia-as rispidamente. Já na época pré-Copa, a mídia mundial fez campanha para a convocação de Ronaldinho Gaúcho, mas não foi atendida (acredito que acertadamente). A mídia protestou. (Felipão passou pela mesma experiência em 2002 quando não chamou Romário). E lá vieram as críticas: ‘se Kaká se machucar quem irá substituí-lo?’. Mais uma vez, o treinador se sentiu isolado.
Com a seleção já na África, todo o comando da seleção tomou os cuidados para evitar o clima oba-oba da pífia seleção de 2006, comandada por Parreira. Dunga isolou a seleção com treinamentos fechados. O que há de errado em fazer treinamentos secretos? A imprensa mundial não entendeu.
Veio à estréia com a Coréia e a seleção não jogou bem, apesar da vitória a de 2x1. As críticas foram intensas e generalizadas. No segundo o jogo contra a Costa do Marfim, a seleção jogou um pouco melhor e venceu por 3x1. Dessa vez, foi Dunga quem generalizou a imprensa com críticas inoportunas. Sobrou para o jornalista Alex Escobar que se transformou um mártir desse duelo de titãs. Em um ato de corporativismo jamais visto, os veículos ficaram contra o treinador. Nesse duelo entre o Dunga e a imprensa, quem perde é aquele que torce para a seleção brasileira e não tem acesso à informação imparcial. O que fazer então? Por que não escalar o auxiliar Jorginho para as coletivas? Por que os profissionais de imprensa não lêem os manuais de redação? Por fim, onde este duelo vai parar? Aponto três opções: a) Dunga e a imprensa farão as pazes; b) Se o Brasil vencer a Copa, Dunga atacará a imprensa impiedosamente; e c) Se a seleção não trouxer o hexa, Dunga será execrado pela mídia. Nesse duelo, quem perde é a democracia e os bons costumes.