Memórias
Um perfil afetivo. Nada mais que isso
Só muito mais tarde descobri a importância de Elis para a MPB e a riqueza ímpar e seu repertório, mesmo assim, não me transformei necessariamente em um fã, mas em alguém que respeitava o seu trabalho.
A obra de Regina Echeverria, foi publicada pela primeira vez em meados dos anos 80, quando as bases da Biografia Brasileira por excelência ainda não tinha sido fundadas por Ruy Castro e Fernando Morais. Isso explica, em parte, as lacunas e os defeitos encontrados em “Furacão Elis”. A autora, que foi amiga da cantora, abusa dessa intimidade e a todo momento faz uso de observações subjetivas, como em um livro de memórias. Na verdade, não se pode classificar o livro como uma biografia, está mais para um perfil afetivo da genial e geniosa intérprete de “Madalena”, construído através dos depoimentos das pessoas que com ela conviveram, muitos transcritos na íntegra, em diversas páginas. Também há a reprodução de alguns recados e cartas de Elis para seus amigos e colegas. Todo esse material poderia ter sido melhor aproveitado se fosse absorvido pela autora na cosntrução da história, como feito recentemente por Nelson Motta em seu livro sobre Tim Maia; por Denilson Monteiro, na seminal biografia de Carlos Imperial; ou ainda, por Paulo César Araújo, no injustamente proibido “Roberto Carlos em detalhes”. Enfim, o mérito de “Furação Elis” está apenas no fato de ser uma provável porta de entrada para uma futura biografia da cantora, com todo o rigor e destreza literária que a sua trajetória merece.
1 comentários:
belo texto ... cresci ouvindo Elis e me identifico até hoje com as suas canções.
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