Opinião

O Papel da Escola e Deficiência Física

Flavio Bahiana - jornalista

flaviobahiana@gmail.com


Para realizar a inclusão de alunos com qualquer tipo de deficiência em uma escola, não basta apenas realizar projetos. O primeiro passo que deve ser dado é possibilitar o acesso dessas pessoas ao complexo escolar. Isso significa que não só este ambiente deve estar preparado para atender pessoas com deficiência, é preciso que a cidade como um todo ofereça acesso físico para que ele possa viver uma vida normal.


Se isso não ocorrer, uma criança deficiente até poderá se sentir bem dentro de um ambiente escolar, onde muitas coisas são feitas para que ele tenha uma vida melhor, mas quando for enfrentar a realidade, a vida fora da escola, e encontrar dificuldades para transitar ou para comprar, por exemplo, ele voltará a se sentir excluído.

Por tanto, é preciso que os governos e prefeituras ofereçam possibilidades de acesso físico para os portadores de deficiência, não só nas escolas, mas em todos os lugares públicos e privados das cidades do país, para que nós aprendamos a conviver com as diferenças e tratá-las de forma natural, evitando que os deficientes vivam excluídos, com pouco convívio social.


Dentro deste contexto, no qual todos têm um papel importante para proporcionar ao deficiente físico um melhor acesso a uma vida pública mais ativa, qual será o papel da escola neste processo de inclusão?


A escola é um dos lugares onde as diferenças culturais, sociais e econômicas estão mais presentes, o que faz dela um ótimo lugar para ensinar valores importantes como o respeito, generosidade, compreensão, amizade, honestidade, entre outros. Além disso, a escola também é um lugar importante para as pessoas desenvolverem e ampliarem suas aptidões e conhecimentos, independente de ser um deficiente físico ou mental e uma pessoa “normal”. Pois é papel da escola ensinar os alunos a conviverem com as diferenças e oferecer meios para ajudar a aumentar a sociabilidade e a desenvolver as capacidades afetivas de integração e inserção social.


A escola ocupa um papel muito importante na sociedade, pois é um lugar que pode fazer com que os indivíduos modifiquem as maneiras de pensar e agir, fazendo com que passem a aceitar e a valorizar as diferenças individuais, aprendendo a conviver com as diversidades humanas, através de valores importantes como a compreensão e colaboração.


Para começar a realizar estas transformações nos alunos ou para começar a desenvolver qualquer projeto político pedagógico, é importante que a escola saiba, primeiramente, que tipo de aluno, ou que tipo de cidadão, ela quer formar. É importante que a escola saiba qual o público alvo e que medidas ela irá providenciar para que possa oferecer um acesso de qualidade à educação. É importante saber que mudanças serão feitas no ambiente escolar e quais especializações os professores terão que ter, para que esse aluno não se sinta excluído.


Não basta apenas desenvolver um projeto e dizer que oferece ensino para pessoas com deficiência e depois não procurar adaptar o ambiente escolar para um atendimento eficiente para estas pessoas.


Mas para um bom atendimento a este público, não cabe apenas as escolas se adaptarem, os professores também realizam um papel muito importante dentro da escola neste processo de inclusão, pois são eles que irão colocar em prática os conhecimentos e ações específicas para a realização e desenvolvimento deste processo. É necessário que haja uma preocupação dos professores em elaborar uma melhor forma de adaptação das atividades, fazendo com que elas possam participar das aulas normalmente junto com as outras crianças; e que também tenham a preocupação em evitar atitudes preconceituosas entre os alunos.


Com isso, pode-se concluir que o primeiro passo para que questões acerca da inclusão sejam abordadas começam a ser dados dentro da escola. Além de ensinar e transmitir conhecimentos sistematizados como português e matemática, ela também participa e promove ações que objetivam o estabelecimento dos padrões de convivência social, podendo agir como um veículo facilitador, ajudando aos cidadãos a adquirir, fundamentar e modificar conceitos de participação, colaboração e adaptação.

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