Futebol

Novos olhares sobre a Copa

Regina Valente - jornalista

reginavalente@gmail.com


Em uma conversa com meu tio hoje, responsável por me apresentar ao universo do futebol (obrigada, tio!), o assunto, como na maioria das mesas de restaurantes e bares, foi a Copa do Mundo da África do Sul. Entre palpites, previsões e estimativas, chegamos a uma conclusão - se é que podemos falar em conclusões, talvez seja mais adequado "percepção" - de que o futebol está aprendendo a se posicionar com a globalização.

Basta analisar as primeiras edições: em 1930, tivemos apenas 13 participantes, quatro da Europa e nove das Américas. Com o tempo, o número de seleções aumentou, à medida que o futebol também se popularizava. Isso quer dizer que mais países passaram a praticar o esporte. Somente na Copa de 1970, no México, por exemplo, a nona edição do torneio, fa competição foi disputada na fora da América do Sul e da Europa.


Hoje, em 2010, a Copa do Mundo conta com 32 nações participantes, de todos os continentes. A idéia, louvável, é que o torneio seja realmente do mundo - e não se restrinja à Europa e às Américas, especialmente a do Sul.

Por outro lado, as seleções consideradas inexperientes em Copas, com poucas participações, ainda não têm condições - pelo menos no papel - de brigar por melhores posições - claro, sem contar com os acidentes de percursos e zebras, que tornam o futebol tão mágico. Um gol marcado contra o Brasil, por exemplo, foi uma glória tão grande para a Coréia do Norte quase quanto o pentacampeonato brazuca em 2002.

Dessa forma, os países com seleções claramente inferiores - embora eu acredite que hoje não há mais "bobos" no futebol - acabam dependendo muito mais da parte tática do que da técnica. E isso é que vem transformando o futebol, em um esporte globalizado. Afinal, o importante agora é defender o resultado a qualquer custo. Para isso, usa-se e abusa-se de esquemas táticos, movimentação da defesa, cabeças-de-área ("Dunga way of play"), e um aclamado "sólido sistema defensivo".


Vivemos a era do futebol dos técnicos, dos estrategistas... Não da técnica e da criatividade. Basta observar as duas primeiras rodadas da Copa: quantas seleções realmente impressionaram pela inovação, pelo inusitado? Quem realmente tem coragem de ousar? Difícil. A própria seleção canarinho, tão exaltada internacionalmente, sucumbiu ao futebol pragmático, dos números. O 3-5-2 virou quase número da mega-sena, migrando para um já nem tão futuro assim 4-5-1, com a bola alçada na área na base do bumba-meu-boi-vai-que-dá-e-cabeceia. Daqui a pouco vamos pro 9-1-0 e, futuramente, pro 10-0-0, com zagueiro acumulando a função de defender, criar e atacar.

Talvez, a Copa globalizada precise de mais algumas edições para que realmente o nível torne-se, efetivamente, competitivo. Continuo achando que não há mais bobos no futebol. Mas há uma série de preocupados e até certo ponto, medrosos. Como sou otimista, quero crer que o tempo ajudará a mudar esta situação.

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