Entrevista

Entrevista com o autor deste livro, o jornalista Leandro Narloch, ex-editor da Superinteressante.


1. O que te motivou a escrever o livro ‘O Guia Politicamente Incorreto’?

Fazendo reportagens sobre a história do Brasil para a Superinteressante e a Aventuras na História, percebi que novos estudos desmontavam muito do que eu aprendi na escola. Descobri que a história didática da minha época era mais um manifesto político de esquerda, muito influenciado pelo marxismo. Os ricos eram sempre do mau, os pobres, sempre vítimas indefesas. Decidi então reunir todo o contrário. Como falo no prefácio, só os erros dos mocinhos, só as virtudes dos considerados vilões.

2. De todos os casos apresentados, qual o exemplo mais grosseiro?

Tem vários. Não sei como conseguimos acreditar, por exemplo, que a Inglaterra foi contra a escravidão para criar um mercado consumidor na América. Isso é ridículo. Que governo, que empresa praticaria uma ação pensando em lucros que viriam mais de um século depois? Como demonstram vários historiadores, a campanha abolicionista inglesa foi popular, com centenas de milhares de manifestantes reunindo abaixo-assinados e invadindo gabinetes de parlamentares... Além disso, o fim da escravidão foi péssimo para as colônias britânicas na América, que eram movidas por escravos.


3. Qual o que mais incomoda o brasileiro?

Sem dúvida o fato de Santos-Dumont não ter inventado o avião. Muita gente me diz que gostou do livro, "menos aquilo sobre o Santos-Dumont". Eu respondo que precisamos amadurecer e reconhecer que os irmãos Wright não só voaram antes (na presença de testemunhas e sem catapultas) como foram milhões de vezes mais importantes para aviação que o brasileiro. Isso tudo, na verdade, não tira o brilho de Santos-Dumont, que foi sim uma figura interessante.

4. Em ano eleitoral, promessas não cumpridas de políticos servem como exemplo de guia o politicamente incorreto?

Talvez. Essa semana surgiu uma boa: o vice da Marina Silva, do Partido Verde, é acusado de desmatar uma área do sul da Bahia para construir uma casa. Seria uma ótima história, mas o homem agiu direito, tinha licença ambiental para a construção.

5. O que é o projeto Associação das Pessoas em Geral?

Nada demais, só uma brincadeira. Uma associação que defendesse todo mundo, minorias e maiorias. A ideia surgiu porque eu estava cansado de ouvir falar chavões do tipo "as pessoas, em geral, não gostam de ler", "as pessoas, em geral, são assim mesmo". Alguém precisava defender "as pessoas".

6. Já está envolvido em outro livro?

Sim, estou. Deve sair no ano que vem mais um Guia Politicamente Incorreto, com podres e mitos de outros países.

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