Opinião

“Eu não agüento mais isso”

Vitor Orlando Gagliardo - jornalista

govitor@yahoo.com.br


“Eu preciso me matar, cara. Eu só queria que um dia isso acabasse”. Essa forte declaração foi dita pelo jovem José Roberto de Oliveira, de 20 anos. Ele foi preso, após esfaquear os pais que se negaram a lhe dar dinheiro para manter seu vício: a cocaína. João se tornou usuário ainda na adolescência. “Comecei a fumar maconha com 14, aí cocaína com 16. A vida é um degrau que sobe, a droga é degrau que desce. Vai descendo, primeiro você perde o dinheiro, depois você perde suas coisas, aí perde sua dignidade, passa a pegar dinheiro emprestado com os outros. Teu salário não rende mais. Parei com tudo, esporte, amigos”. Esses depoimentos foram ditos na 19ª Delegacia, na Tijuca. Segundo o delegado, José ainda estava sob o efeito da droga.


Fonte: Jornal O DIA


Se foi sincero ou não, a verdade que José esfaqueou seus pais sem a mínima compaixão e agora vai responder por tentativa de homicídio.


O que assusta é que não há mais limites. Trata-se de uma família de classe média. João era estudante de direito, mas largou os estudos. Penhorou seu carro em bocas de fumo. Não há como classificar os usuários de drogas: eles estão em classes sociais diferentes.


Em uma situação como essa, talvez seja mais fácil tentar encontrar um culpado (os pais? Ou o próprio estudante?) No entanto, os problemas com as drogas são bem maiores. Até porque, não há como generalizar os casos. Repare que sempre há diferenças.


A lei antidrogas (nº 11.343/2006) trouxe como inovação a mudança do tratamento penal dispensado ao usuário e ao dependente de drogas. Antes criminosos, eles agora são considerados indivíduos doentes que necessitam de tratamentos.


Os efeitos da cocaína geram: aumento da pressão arterial e do batimento cardíaco, alteração do ritmo respiratório, aumento da temperatura do corpo, irritabilidade, ansiedade, perda de apetite, apoplexia e pode levar à morte.


“Pra mim foi o fim da linha, eu não agüento mais isso”. Essa frase de José, ainda sob o efeito da droga não pose ser de fato o fim da linha. Ele sentirá nos próximos dias dores piores ainda: a abstinência e, a principal, a consciência do que sua atitude causou.

2 comentários:

Anônimo | 3 de agosto de 2010 às 12:00

O que a droga faz a um ser humano.
Acaba com a propria vida e carrega a família.
Que Deus dê força para os pais para reverterem esta situação.

Nanda | 6 de agosto de 2010 às 09:01

Eu vi essa reportagem.
Onde esse mundo vai parar??

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