Religião
Encerramento do ano sacerdotal
Pe. Cleneu Magri
desburocratizando@gmail.com
Homilia do papa Bento XVI
O Ano Sacerdotal que celebramos, 150 anos depois da morte do santo Cura d'Ars, modelo do ministério sacerdotal em nossos dias, chega ao seu fim. Nos deixamos guiar pelo Cura d'Ars para compreender de novo a grandeza e a beleza do ministério sacerdotal. O sacerdote não é simplesmente alguém que detém um ofício, como aqueles de que toda a sociedade necessita, para que possam se cumprir nela certas funções. Ao contrário, o sacerdote faz o que nenhum ser humano pode fazer por si mesmo: pronunciar em nome de Cristo a palavra de absolvição de nossos pecados, transformando assim, a partir de Deus, a situação de nossa vida. Pronuncia sobre as oferendas do pão e do vinho as palavras de ação de graças de Cristo, que são palavras de transubstanciação, palavras que tornam presente a Ele mesmo, o Ressuscitado, seu Corpo e seu sangue, transformando assim os elementos do mundo; são palavras que abrem o mundo a Deus e o unem a Ele.
Portanto, o sacerdócio não é um simples "ofício", mas sim um sacramento: Deus se vale de um homem com suas limitações para estar, através dele, presente entre os homens e atuar em seu favor. Esta audácia de Deus, que se abandona nas mãos dos seres humanos; que, embora conhecendo nossas debilidades, considera aos homens capazes de atuar e apresentar-se em seu lugar, esta audácia de Deus é realmente a maior grandeza que se oculta na palavra "sacerdócio". Que Deus nos considere capazes disso; que, por isso, chame a seu serviço a homens e, assim, una-se a eles a partir de dentro, isso é o que quisemos novamente considerar e compreender durante esse Ano. Queríamos despertar a alegria de que Deus esteja tão próximo a nós, e a gratuidade pelo fato de que Ele se confie a nossa debilidade; que Ele nos guie e nos ajude dia após dia. Queríamos também, assim, ensinar de novo aos jovens que esta vocação, esta comunhão de serviço por Deus e com Deus, existe; mais ainda, que Deus está esperando nosso "sim". Junto com a Igreja, quisemos destacar novamente que temos que pedir a Deus esta vocação. Peçamos trabalhadores para a messe de Deus, e esta oração a Deus é, ao mesmo tempo, um chamamento de Deus ao coração dos jovens que se consideram capazes disso mesmo para o que Deus os considera capazes.
Se o Ano Sacerdotal tivesse sido uma glorificação de nossas conquistas humanas pessoais, teria sido destruído por esses acontecimentos. Mas, para nós, tratava-se precisamente do contrário, de sentir-nos agradecidos pelo dom de Deus, um dom que se leva em "vasos de barro", e que vez por outra, através de toda a debilidade humana, torna visível seu amor no mundo. Assim, consideramos o acontecido como uma tarefa de purificação, uma missão que nos acompanha em direção ao futuro e que nos faz reconhecer e amar mais ainda o grande dom de Deus. Deste modo, o dom converte-se no compromisso de responder ao valor e a humildade de Deus com nosso valor e nossa humildade.
A palavra de Cristo, pode dizer-nos o que significa fazer-se e ser sacerdote: "Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração" (Mt 11, 29).
Celebramos a festa do Sagrado Coração de Jesus (11/06) e com a liturgia lançamos um olhar, por assim dizer, dentro do coração de Jesus, que ao morrer foi transpassado pela lança do soldado romano. Sim, seu coração está aberto por nós e diante de nós; e, com isso, nos abriu o coração do próprio Deus. A liturgia interpreta para nós a linguagem do coração de Jesus, que fala, sobretudo, de Deus como pastor dos homens, e assim nos manifesta o sacerdócio de Jesus, que está arraigado no íntimo de seu coração; deste modo, nos indica o perene fundamento, assim como o critério válido de todo o ministério sacerdotal, que deve estar sempre no coração de Jesus e ser vivido a partir d'Ele.
O Pe. Cleneu Magri é Vigário da Paróquia Sangue de Cristo.
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