Música

Miriam Makeba - “Mama Africa”
Pe. Cleneu Magri - Vigário da Paróquia Sangue de Cristo
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Zenzile Miriam Makeba( 1932 – 2008), também chamada "A imperatriz da canção africana", saiu da África do Sul em 1959, quando ainda vigorava no país o regime segregacionista do apartheid. Ela tentou voltar em 1960, para o funeral da mãe, porém seu passaporte foi revogado e sua entrada negada. Ela viveu no exílio durante 31 anos.

Começou a carreira em grupos vocais nos anos 50, interpretando uma mistura de blues americanos e ritmos tradicionais da África do Sul. Recebendo muito pouco por suas músicas várias vezes pensou em emigrar para os Estados Unidos ou Europa. Em 1960, chega sua grande chance, quando participou no documentário antiaparrtheid Come Back, África, a cuja apresentação compareceu, no Festival de Veneza daquele ano. Com a recepção que teve na Europa não regressou a África do Sul. Em Londres, conhece o ator negro norte-americano Harry Belafonte, no auge do sucesso e prestígio e que seria o responsável pela entrada de Miriam no mercado americano. Através de Belafonte, também um grande ativista pelos direitos civis nos Estados Unidos, Miriam gravou vários discos de grande popularidade naquele país.

A sua canção Pata Pata tornou-se um enorme sucesso mundial. Em 1963, depois de um testemunho veemente sobre as condições dos negros na África do Sul, perante o Comitê das Nações Unidas contra o Apartheid, os seus discos foram banidos do país pelo governo racista; sua nacionalidade sul-africana foi cassada, tornando-se apátrida. Os problemas nos Estados Unidos começaram em 1968, quando se casou com o ativista político Stokely Carmichael, um dos idealizadores do chamado Black Power e porta-voz dos Panteras Negras, levando ao cancelamento dos seus contratos de gravação e apresentações.

Por este motivo, o casal mudou-se para a Guiné, onde se tornaram amigos do presidente Ahmed Sékou Touré. Nos anos 80, Makeba chegou a servir como delegada da Guiné junto da ONU, que lhe atribuiu o Prêmio da Paz Dag Hammarskjold. Em 1973 separa-se de Carmichael. Em 1975, participou nas cerimônias da independência de Moçambique. A morte da sua filha única em 1985 levou-a a mudar-se para a Bélgica, onde se estabeleceu.

Com o fim do apartheid (regime que vigorou entre 1948 e 1990) e a revogação das respectivas leis, Miriam Makeba regressou finalmente à sua pátria em 1990, a pedido do presidente Nélson Mandela, que a recebeu pessoalmente à chegada. Na África do Sul, participou em dois filmes de sucesso sobre a época do apartheid e do levantamento de Soweto, ocorrido em 1976.

Agraciada em 2001 com a Medalha de Ouro da Paz Otto Hahn, outorgada pela Associação da Alemanha nas Nações Unidas "por relevantes serviços pela paz e pelo entendimento mundial", Miriam continuou a fazer shows em todo mundo. Na época muitos sul-africanos exilados voltaram ao país, em meio as reformas do então presidente Frederik Willem de Klerk . "Nunca compreendi por quê não podia vir ao meu país", disse a cantora ao retornar. "Nunca cometi crime algum."O convite para retornar foi feito por Nelson Mandela, que depois viria a ser presidente do país, entre 1994 e 1999. "Foi como renascer", relembrou Miriam. No palco, em 9 de novembro de 2008, apresentando-se num concerto a favor de Roberto Saviano, sofreu um ataque cardíaco e morreu no hospital na madrugada do dia 10 de novembro de 2008, em Castel Volturno (Itália). "Ao longo de sua vida, Miriam Makeba comunicou uma mensagem positiva ao mundo sobre a luta das pessoas na África do Sul e a certeza das vitórias sobre as forças malignas do apartheid e do colonialismo através da arte de cantar", declarou Jacob Zuma, atual presidente da África do Sul.

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