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Por que o Google não sai do ar?
Eduardo Campos - Técnico de Informática e TI
Apesar da quantidade de acessos, o Google não sai do ar. Entenda a razão da estabilidade do maior site de buscas do mundo.
A marca Google é estimada em aproximadamente 100 bilhões de dólares (mais do que a Microsoft, a Apple ou a Coca-Cola), ou seja, é considerado o “nome” mais valioso do mundo.
Esta informação é ainda mais interessante se levarmos em conta a quantidade de dados processados todos os dias pelo site - o Google domina 6% de todo o tráfego da internet, segundo pesquisa da Arbor Networks.
Que o Google é a maior ferramenta de buscas do mundo todo mundo já sabe. A empresa de Larry Page e Sergey Brin continua navegando de vento em popa desde 1998. Porém, você sabe o que faz o buscador ser tão estável, uma vez que conta com uma enormidade de acessos diários?
Números do Google
Em 2008 o blog oficial do Google comemorou a chegada a um trilhão (isso mesmo!) de URLs na internet de uma só vez. Este número corresponde a páginas únicas, ou seja, às páginas de um site e não aos links que surgem conforme você navega dentro de um mesmo site.
Estima-se que o buscador processe duas bilhões de pesquisas por dia. Isso quer dizer que, além de indexar as URLs para o acesso, o Google precisa lidar com cada acesso e pesquisa feita em uma busca.
Some a isso o a quantidade de sites adquiridos pelo Googlecomplex – Youtube, Gmail e o próprio Orkut também pertencem ao complexo de Page e Brin – e você terá um problema em mãos: administrar uma “enxurrada” de informação.
Sucesso com dados
Porém, o Google administra com maestria. O Sistema de arquivos do Google (GFS ou Google File System) funciona através de uma infraestrutura de Sistemas Distribuídos. O site de buscas precisa lidar com uma enormidade de informações todos os dias, sendo elas dados ou buscas, e organizar tudo isso de forma rápida e eficaz.
Os sites indexados são computados através de links entre páginas, motivo pelo qual a ferramenta é um sucesso. Seu processo de busca e indexação dos dados faz com que aquilo considerado mais relevante suba nas pesquisas, de forma que você ache o que procura rapidamente.
O servidor principal também sabe quando um computador interligado para de funcionar e deve ser substituído por outra máquina do sistema. É tarefa dele também espalhar informações entre as diversas máquinas para, no caso de uma delas quebrar, os dados não sejam perdidos.
Esta é uma explicação simplificada do processamento de dados do Google, que possui outras ferramentas para indexar, mapear e acessar rapidamente estes dados. Mas não iremos nos aprofundar mais o assunto, que pende para um lado mais técnico.
O que é importante saber é que este esquema faz com que não haja sobrecarga no sistema e o processo seja otimizado, de forma a criar um site de buscas rápido, eficiente e que não perca dados do usuário ou das páginas indexadas.
Datacenters e servidores
Porém, você pode se perguntar: onde são armazenados todos estes dados e pesquisas? É aí que entram os datacenters (ou centros de dados, se traduzirmos ao pé da letra) do Google. São eles que processam e armazenam as informações, fazendo a infraestrutura do complexo Google ser o que é.
De acordo com uma pesquisa do Royal Pingdom, conclui-se que o Google tenha 36 datacenters espalhados pelo mundo, sendo 19 nos Estados Unidos, 12 na Europa, 3 na Ásia, um na Rússia e um no Brasil - em São Paulo.
Para que um local seja escolhido como datacenter, o Google segue alguns critérios: energia elétrica barata, proximidade com rios e lagos (para o resfriamento dos sistemas); grandes áreas de terra que proporcionem privacidade e segurança; distância para outros centros de dados (para que a conexão seja rápida) e incentivos fiscais.
No caso do Brasil, sabe-se que os incentivos fiscais para empresas estrangeiras são extremamente atraentes. Além disso, as hidrelétricas proporcionam energia barata e somos privilegiados em termos de rios. Desta forma, somos o único país com um centro de dados do Google na América Latina.
Google na América Latina
Com tantos datacenters, estima-se que o Google seja atualmente dono de 2% dos servidores do mundo: em 2006, apontava-se um total de 450 mil servidores pertencentes ao Google.
Porém o Google é extremamente silencioso em relação aos seus centros de dados e servidores. Ninguém sabe ao certo os números desta gigante da internet, pois eles não são divulgados.
Não só o Google
Apesar de ser o maior, o Google não está sozinho. A Microsoft tem uma quantidade expressiva de servidores, assim como a Apple, a Amazon e a Yahoo!. Várias companhias estão investindo no conceito de computação em nuvens.
As estruturas destas grandes também oferecem uma tecnologia mais híbrida e flexível como a da cloud computing, que combina serviços locais para acesso rápido e os datacenters para os serviços remotos.
Com isso, o custo para o usuário final cai e a preocupação crescente em manter suas máquinas mais leves sem a instalação de inúmeras ferramentas muda. O usuário pode confiar em grandes serviços online para guardar as informações e passa mais tempo acessando propagandas, promoções e outras opções que trazem retorno financeiro à empresa.
Nem tudo são flores
Obviamente o Google não é infalível. Quem tentou acessar a ferramenta em janeiro deste ano teve um grande susto quando todos os sites eram considerados maliciosos, devido a um erro humano.
Outro episódio, este mais recente foi a morte de Michael Jackson. A procura foi tão intensa pelo nome do cantor que o sistema do Google reconheceu o fato como um “ataque cibernético”, o que gerou uma mensagem de possível vírus na rede (um procedimento normal de segurança). Após 50 minutos tudo foi normalizado pelos operadores, que reorganizaram o sistema.
Nessas duas falhas, porém, não houve pane no sistema do Google, falta de banda ou limite de acessos. Os erros podem ser considerados “normais” no sentido de que não fizeram o site sair do ar em nenhum momento, mas sim apresentar mensagens de vírus ou sites maliciosos.
Toda a estrutura do Google, até hoje, funciona dentro dos conformes e o site está cada vez maior, comprando outras empresas e investindo para se tornar mais potente. A pergunta do título não é tão segredo assim: o Google não cai porque conta com uma estrutura de dar inveja a muita gente, parcerias de sucesso e dinheiro para investir ainda mais.
Até logo.
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