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O Forrest Gump brasileiro - parte I
Vitor Orlando Gagliardo - jornalista
govitor@yahoo.com.br
Ele é compositor, baixista, produtor, vocalista, violinista, já atuou em inúmeras bandas dos anos 80, destacando-se no Barão Vermelho. Não satisfeito, resolveu seguir carreira solo após as férias do Barão. Hoje está lançando seu terceiro CD, Waiting on a Friend.
Já sabe quem é? Ainda não? Então vou dar mais algumas dicas. Ele é fundador da banda Os Britos, tocou no Cavern Club (templo dos Beatles), foi agraciado com a medalha da Ordem Britânica pelos serviços prestados a música e já abriu shows do Rolling Stones.
Já sabe de quem estamos falando? Sim, ele é Rodrigo Santos, mais conhecido pelos amigos como Forrest Gum brasileiro.
Em uma entrevista exclusivo ao Blog Desburocratizando, Rodrigo falou sobre o lançamento do seu novo trabalho, sua carreira musical, a origem do apelido de Forrest Gump e o fim de sua relação com as drogas.
Parece pouco? Certamente não. Foi tanto material recolhido, que dividimos essa entrevista em duas partes. Nessa primeira entrevista, focamos o lançamento do CD Waiting on a Friends.
Sem delongas, Rodrigo Santos
1. Você está lançando seu terceiro CD “Waiting on a Friends”. Fale um pouco mais sobre esse projeto?
Esse é o projeto mais bacana e despretensioso que já fiz. Fui convidado pelo Marcelo Fróes, depois de um show de lançamento de meu segundo cd solo " O Diário do Homem Invisível" que fiz na Modern Sound. Eu já havia participado como cantor (em estúdio) de alguns projetos de Fróes, todos ligados aos Beatles. Cantava basicamente uma música em cada tributo, que incluiam "Album Branco", " Abbey Road" e " Beatles 70" (sobre o "Let it Be"). Nesse último tributo, o convite para gravar meu próprio disco de intérprete foi oficializado por Fróes, que havia achado um ótimo momento para lançar tal disco, uma vez que minha voz o impressionara no show da Modern Sound. Me convidou na verdade, para fazer um caminho inverso que muitos artistas fazem: geralmente o cara canta melhor no disco e no show não consegue chegar junto como na gravação, e comigo estava acontecendo o contrário, eu estava - segundo Marcelo e outras pessoas que me acompanham como cantor, desde 2007 - cantando muito melhor do que nos meus dois discos solo de estúdio, isso claro, devido a quantidade de shows que vim fazendo na estrada durante esses 3 últimos anos.
2. Por que um disco em inglês?
Depois que aceitei o convite - e aceitei porque já havia lançado dois cds autorais, de inéditas - e sendo esse um projeto paralelo a minha carreira autoral, parti da premissa que cantaria o que eu quisesse e que poderia fazer um disco, tanto em português, quanto em inglês. Já que a intenção era focar na voz, concluímos que em inglês seria melhor, pois praticamente concentraria a atenção do ouvinte na interpretação das canções, fato inclusive que diferencia o projeto de regravações , do autoral de inéditas, onde se mostra ao ouvinte várias coisas ao mesmo tempo, novas informações, etc. Achei que também era hora de registrar um lado meu de intérprete de canções dos meus ídolos do rock inglês, irlandês e americano, coisa que sempre fiz com prazer, em rodas de violão, canjas nos shows dos amigos artistas e até nos Britos. Afinal, comecei a tocar violão por causa de Beatles, Stones, Neil Young e Bob Dylan. Era hora de homenageá-los (rs).
3. Qual o critério que você utilizou na escolha do repertório?
Primeiro de colocar apenas lados "Bs" no disco. No máximo um lado "B" quase "A" (rs). Estou me referindo é claro, ao conceito de LP, que permeou tanto a minha vida. Achava que tinha de ser um disco diferente, não óbvio, e que ao mesmo tempo fosse de canções, gostoso de escutar, quase que soando como lados "As". Queria muito gravar músicas de artistas que me influenciaram a ser músico e isso incluía artistas nacionais também, como Gil e Caetano. Eu e Fróes trocamos muitas idéias sobre repertório, mas acabamos definindo rápido, por tres vertentes: musicalidade, ineditismo e conceito. O conceito englobava letras que tinham a ver com minha trajetória e as vezes essas vertentes acabaram se misturando, como por exemplo nas músicas de John Lennon e George Harrison.
4. Pois é, tem até uma do Fábio Jr ...
A música de Fabio estourou nas rádios e foi o primeiro sucesso do cantor. Quando Fróes me mandou essa música por e-mail, aceitei na hora - tinha a ver comigo, não era óbvia, era inédita em shows, ninguém além de fabio Jr tinha gravado e eu quis fazer um arranjo mais atual, puxando pra Oásis.
5. E a faixa-título?
6. E a canção Did we meet somewhere before de Paul McCartney que nunca foi gravada pelo artista?
Foi um presente do Fróes. Comecei a tocar baixo e cantar por conta de Paul , e de repente me vejo gravando uma canção INÉDITA de McCartney...essa não esperava, foi de arrepiar. Me esmerei no canto e por incrível que pareça saiu de primeira, pois tinha registro muito parecido com minha região vocal. A música foi feita por Paul para o filme “ O Céu pode esperar” , com Warren Beaty, mas não sei se por falta de sinopse ou não, Paul compôs uma balada séria e o filme era uma comédia, portanto acabou não entrando na trilha, nem no disco de Paul, nem em disco nenhum, tendo quase entrado num disco dos Ramones.
7. Há inúmeras parcerias neste trabalho, uma delas do Frejat. Os fãs se perguntam: quando o Barão Vermelho vai voltar?
Não conversamos sobre isso em nenhum momento no dia da gravação, acredita? Foi um momento único, o primeiro de nós todos desde 2007, num disco meu, mas por se tratar de outro projeto, bem espontâneo e que contei com a amizade de todos, acho que valorizamos isso mesmo. O fato de estarmos ali nos divertindo, cantando e tocando uma música dos Stones no meu novo disco. Em nenhum momento foi falado de volta. Não que não pensemos, mas simplesmente não era esse o foco, nem o assunto mais importante de nossas vidas no momento. Se tiver que voltar vai voltar, somos todos amigos e adoramos tocar juntos. Quando voltaremos? Não sei? Voltaremos? Não sei. Mas sei que adoramos tocar juntos... isso eu sei!!!!
(Amanhã será publicada a segunda parte desta entrevista. Não perca!)
São quase trinta anos de carreira divididos entre o Barão Vermelho (sua banda), shows com artistas consagrados da MPB e sua carreira-solo. O baixista Rodrigo Santos está de volta com seu terceiro ábum solo e inovador. Trata-se do CD ‘Waiting on a Friends’, do selo Discobertas.
Se nos discos anteriores, Rodrigo mostrou seu lado mais autoral, neste ele mostra seu lado intérprete. Como o nome sugere, as músicas são em inglês e as releituras são clássicos mundiais como Positively 4th Street (Bob Dylan), Life Begins at 40 (John Lennon), Stay-Far Away So Close (U2), entre outros. Um dos destaques é Did we meet somewhere before de Paul McCartney, que jamais gravou a canção.
Merece detaque as parcerias com Frejat (canção-título), Isabella Taviani (Helpless) e Zé Ramalho (Just for today). O trabalho conta ainda com duas canções de mestres da música nacional: You don’t Know me (Caetano Veloso), It’s god to be alive (Gilberto Gil) e até uma do Fábio Jr, quando ainda utilizava o pseudônimo de Mark Davis (Don’t let me cry).
1 comentários:
oi rodrigo, adoro seu trabalho. Parabéns!
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