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O Poeta do Trabalhador

“Eu sei/ Que o meu peito é lona armada/ Nostalgia não paga entrada/ Circo
vive é de ilusão (eu sei...)/ Chorei/ Com saudades da Guanabara/ Refulgindo
de estrelas claras/ Longe dessa devastação (...e então)”. Esses são alguns
versos de ‘Saudades da Guanabara’ sucesso de ns voz de Beth Carvalho,
mas composta por um trio de ouro de nossa música: Moacyr Luz, Aldir Blanc
e Paulo César Pinheiro. E neste ritmo de samba que o Blog Desburocratizando
publica com muito orgulho uma entrevista exclusiva com o Moacyr Luz, ou Moa,
para os mais íntimos. Ele fala sobre sua carreira, parcerias com Aldir, Samba do
Trabalhador e sobre novos projetos. “Quero apostar um pouco em novos talentos,
a história tem que seguir”, disse.



1. Como começou seu contato com a música?

Pra ser sincero, eu queria ser um criador, um poeta, escritor, um desenhista de paisagens. Desde quando iniciei no violão, cada escala estudada era interrompida a digitação motivado pela possibilidade de compor... lembro, pequeno, de fazer músicas apurando versos em homenagem a amigos próximos. Depois, as consequências profissionais: - morei cinco anos com Helio Delmiro, um dos maiores instrumentista brasileiros...


2. Fale um pouco de sua vitoriosa parceria com o Aldir Blanc.

Com Aldir tenho 90 músicas gravadas e outras tantas perdidas num baú qualquer de nossas cabeças. O destino fez a gente morar no mesmo prédio por 23 anos, convivíamos diariamente por diferentes motivos, podia ser um samba ou pra falar mal do síndico. Todas as nossas músicas nasceram de conversas sinceras e assim, um repertório quase integralmente dedicado ao Rio de Janeiro e seus grandes personagens.

3. Além de cantor, você tem inúmeras composições gravadas por nomes de peso como Maria Bethânia, Leila Pinheiro, Nana Caymmi entre tantos outros. Qual é o seu processo de composição e a fórmula do sucesso?

Ah se eu tivesse fórmula de sucesso....Na realidade, mesmo tendo nove discos gravados, me ocupo mesmo de compor, um prazer incessante. Eu tinha um sonho utópico de viver exclusivamente de direitos autorais, ouvindo minhas músicas em vozes mais capazes que a minha, mas como o Brasil mal dá conta de suas mazelas básicas, educação e saúde, como cobrar política cultural de verdade? Nessa lista que você iniciou de nomes, incluo minha madrinha Beth Carvalho, Leni Andrade, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho... tantos mais que me orgulham...


4. A canção ‘Saudades da Guanabara’, composta por você, Aldir Blanc e Paulo César Pinheiro pode ser considerada a síntese do Rio de Janeiro?


É um samba que nasceu espontâneo. Sentados, os três, rodeamos a mesa falando do Rio de Janeiro. No mesmo dia que ficou pronto, liguei pra Beth Carvalho que voou ao nosso encontro. Um mês depois estava gravado no CD Saudades da Guanabara - Beth Carvalho 1989.

5. Você tem dois livros publicados sobre o cotidiano dos botequins: ‘Manual de Sobrevivência nos Botequins mais vagabundos’, com ilustrações de Jaguar; e ‘Botequim de bêbado tem dono’ - histórias de 25 pés sujos do Rio ilustrados por Chico Caruso. Qual a sua relação com os botequins?

Em 2010 ainda lancei mais dois livros. "Camisa, Short e Meião" pela Editora Rocco, livro infanto-juvenil escrito para a coleção Gol de Letras, e "Pirajá, Uma esquina Carioca" - a história de um bar em São Paulo que modificou o panorama dos "butecos"... Me identifico demais com esse ambiente, o extrato de uma cidade está exposto no balcão de um botequim.


6. Como surgiu a idéia do Samba do Trabalhador?

Esse projeto nasceu do nada, sem estratégia, público alvo, nada. Sou festeiro, modestamente agregador, e sentia falta de ver os amigos no fim de semana, as datas sempre ocupadas por shows, viagens... A amizade me fez chegar ao Renascença e a proposta era um samba as segundas, na folga de todos nós trabalhadores da música brasileira. Eu pensava numa frequência de cem pessoas, mas, seis meses depois, passavam na portaria perto de 1500 pessoas por samba. Gravamos CD e DVD e estamos até hoje, desde maio de 2005, fazendo esse encontro semanal.

7. Quais os seus projetos para 2011?

Acho que gravo o décimo disco. Construindo um novo repertório além dos parceiros queridos. Quero apostar um pouco em novos talentos, a história tem que seguir...

6 comentários:

Anônimo | 11 de janeiro de 2011 às 09:16

Saudades da Guanabara é o maior hino da história do RJ.

Anônimo | 11 de janeiro de 2011 às 09:19

Brasil tua cara ainda é o RJ

Anônimo | 11 de janeiro de 2011 às 09:23

Gosto muito do trabalho do Moacyr. Acompanho-o toda semana no Renascença.

Anônimo | 11 de janeiro de 2011 às 09:57

Moa, eu sou muito seu fã.

Parabéns por toda a sua obra

Anônimo | 11 de janeiro de 2011 às 10:00

moacyr é bom demais

Anônimo | 11 de janeiro de 2011 às 10:02

saudades da guaanabara impressiona pela qualidade das letras e pelo amor ao rio

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