Literatura
A crônica do daltônico
Salmão? Pensava que salmão era peixe ... Fica aquela dúvida, mas como a pessoa está sendo simpática (por que será?) você cai no grave erro fazendo uma mísera pergunta:
- Você poderia me ajudar? Eu sou daltônico ...
- O quê? - me interrompendo. Você é daltônico?
- Sou - digo um tanto quanto constrangido.
- Nossa! Que legal! Sempre quis conhecer uma pessoa daltônica.
Legal? Creia ... ser daltônico não é legal. Daltonismo é uma doença que não tem cura.
Não satisfeita, a pessoa pega uma camisa e pergunta qual a cor que você está vendo?
- Não sei, sou daltônico.
- Eu sei, mas fala uma cor - insiste.
- Sei lá, é cinza...
- Cinza? - a pessoa dá aquela sonora risada. Não é possível - mais risada.
- Qual é a cor?
- É verde - ainda rindo de mim.
Você acha que pára por aí? A pessoa ainda abismada por conhecer um daltônico pega uma outra camisa ...
- E essa aqui?
- Azul - digo sem paciência.
- É roxo - e sai mais uma risada bem alta.
Por fim, a pessoa chama outro vendedor e diz curiosa.
- Fulano, ele é daltônico. Não é legal? Ele acha que essa camisa é cinza - diz rindo.
O outro não faz por menos.
- Tenho um amigo que é daltônico que se veste muito mal. Ele faz uma combinação de cores ridícula.
Dou aquela risada amarela (será que é amarela?). Os dois caem na risada. Eu só queria comprar uma blusa e já estou mais de meia hora na loja.
Enfim, consigo uma blusa e vou pagar. Ao sair da loja, o vendedor esquece meu nome, mas lembra que eu sou daltônico.
- Posso te fazer uma pergunta?
- Diga.
- Como você faz para dirigir? Sim, porque voe não vê as cores do sinal, certo?
- Certo.
- Como faz então?
- Vejo a posição das cores.
- Ah ta!
Não volto mais nesta loja.
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