Fé e Política

André Barroso

No último dia 19 de dezembro completou-se um mês da estréia, na Rádio Bicuda FM 98,7, localizada no pé da Serra da Misericórdia, onde se protagonizou nos últimos dias a maior ação carioca de pirotecnia militar e Reality Show gratuito para a mídia global, do Programa Fé & Política, uma iniciativa de cristãos católicos que movidos pelo imperativo evangélico de justiça não toleram o desrespeito aos direitos básicos dos cidadãos, seja pelo poder público, seja por ações de intolerância religiosa e/ou cultural da sociedade, ou mesmo por ações dos indivíduos em suas práticas cotidianas.

O grupo de programadores é formado por André Barroso, Carlos Pet, Julyanna Costa, Leandro Avellar e Alberto Patrício todos advindos das pastorais sociais da Igreja Católica nas Zonas Oeste e Norte do Rio de Janeiro onde o grande mandamento é “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, o que pode estar na base do diálogo inter-religioso, principalmente com as religiões de matriz africana que se expressa na participação destes na Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR-RJ).

Ao longo destes cinco programas tratamos de quatro grandes temas com relevância para a ação social da igreja católica e para qualquer religião ou religioso, já que o programa é produzido e dirigido por católicos que têm como norte de conduta o respeito à diversidade sócio-religioso-cultural. São eles: a) a doutrina social da Igreja; b) Questões étnico-raciais e a garantia de seus direitos; c) Segurança pública e as ações do estado nas comunidades cariocas; d) Meio ambiente e a criação divina; todos com suas interfaces na educação ou falta dela por parte do gestor público.

Contamos neste um mês de vida do programa com intelectuais e militantes das questões sociais das igrejas, universidades e movimento social. O Pe. José Roberto Pereira professor de Doutrina Social no ISTARJ e pároco da Paróquia S. Jerônimo em Coelho Neto, se mostrou muito preocupado com espiritualização e individualismo de cristãos católicos quando o diferencial do cristianismo, segundo ele, seria a encarnação do verbo que daria ao cristianismo a prerrogativa que o amor ao pai deve passar necessariamente pelo amor ao próximo numa perfeita comunidade. Renato Nogueira, José Claudio Alves e José dos Santos ambos os professores da UFRRJ trataram Educação e questões raciais, segurança pública e violência estatal e segurança pública e violência a partir da juventude. Ambos pronunciaram em uníssono que o poder público estadual e municipal não possui uma ação pública que visem atender a maioria da população e que a ótica da segurança em nosso estado sempre foi e continua sendo do confronto e do extermínio, onde morrem milhares de jovens por ano só no estado do Rio de janeiro. Para o professor José Claudio Alves, o Chicão, o bandido na visão das forças policiais tem cor e classe social, são negros e pobres moradores da periferia carioca e da Baixada Fluminense, e o professor destacou que o Estatuto da Igualdade Racial sem o estabelecimento de cotas para negros nas universidades públicas pode ser considerado um retrocesso.

Quanto ao governo federal todos os nossos colaboradores reconhecem que há sim um investimento, principalmente no que se refere à educação superior com a criação de universidades públicas e verbas para pesquisa, porém estas são insuficientes e irrisórias se comparadas ao financiamento que o governo federal faz nas universidades particulares sob o nome PROUNE promovendo verdadeiras empresas que nada querem com educação de qualidade e muito menos ação social. Toda essa discussão é costurada por músicas de qualidade selecionada por nosso produtor comercial e operador de áudio Carlos Pet.

Enfim, neste um mês de programa estamos certos de uma coisa: muita coisa tem e pode ser feita para transformar a sociedade, mas esta ação deverá ter como protagonistas os homens e mulheres de boa vontade que juntos devemos levar a frente luta de tantos profetas em tantos outros credos religiosos ou mesmo sem credos algum, onde a justiça é força catalisadora para criação de uma sociedade onde os lobos e cordeiros poderão pastar juntos e não haverá nem judeu ou grego, nem homem ou mulher, mas todos serão filhos da justiça e construirão juntos uma sociedade da paz, não aquela paz fria dos cemitérios, mas aquela que nasce da luta de homens e mulheres, brancos e não-brancos.

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